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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

A Transitoriedade do Mundo

Esses dias estive pensando - como a morte nos afeta de diversas maneiras.
Para alguns é a morte de um ente querido, de uma memória, o que me afetou foi tudo isso junto.
Mesmo tendo escolhido este tema pra minha monografia de conclusão de graduação em Antropologia, não consigo dizer isso sem sentir estranheza, mas realmente os animais domésticos como os cães e os gatos adquiriam em nossa sociedade Ocidental - um status de "individuação", humanização e foi este o tema que tratei há 8 anos atrás ( como o tempo e implacável) quando me formei.
Os bichos são pra gente hoje, pessoas, membros de nossas famílias, integram nossas histórias pessoais e coletivas - dividem alegrias e tristezas e hoje em dia eles tem até nossas doenças.
Eu sempre soube que tudo tem início, meio e fim ... mas ver meu cachorro ao longo de 18 anos seguindo esse processo, nunca achei que me afetaria tanto. Tive gatos, mas meus gatos eram livres - sempre iam morrer longe por escolha própria ou do destino - mas o Sherlock nasceu e cresceu com a gente.
Foram 18 anos em nossas vidas ...quanta coisa ele viu acontecer e vivenciou conosco: meu viu entrar e sair da faculdade, conheceu meus 3 namorados, e até meu marido ele chegou a conhecer via Skype e vice-versa. Foi compania pra minha mãe, nos 4 anos que vivi fora e que meu pai trabalhava a noite.
Teve ainda a oportunidade de reaprender o que é dividir e ser compania como foi pra Mel.
O que aprendi com esse cachorro foi a doçura e a delicadeza de uma alma calma, a paciência personificada, a bondade e a doçura. Muitas vezes - acreditei que ele era humano, porque até me consolar ele consolava quando nossas lágrimas rolavam.
Foi duro ver ele partir aos poucos, num longo Adeus, que eu achava que seria eterno - mas não foi - as coisas realmente findam um dia e a vida é uma delas - cedo ou tarde. Mas até isso ele nos deu em generosidade - se despediu e se desligou aos poucos - embora o fim tenha sido trágico e dilacerante - como só um cancêr é capaz de ser a qualquer corpo que vive - gente ou bicho.
O que ele nos deixa - são as melhores lições de carinho e tolerância - ele era só um bicho, mas nos ensinou a paciência, o cuidado e a atenção que são necessários quando se envelhece - nos ensinou que até o fim somos responsáveis uns pelos outros - e que o abandono é algo que nunca pode ser justificável.
Como diz meu marido - não devemos pensar que a morte é o fim, mas sim que existe algo muito além dela, uma outra vida em espírito e não em carne - porque senão acreditarmos nisso - perdemos o foco, o rumo e nada mais tem sentido.
Eu tenho dificuldades de pensar e lidar com perdas emocionais - com a morte em si - porque pra ela não há remédio - o que ela deixa é saudade, são memórias - mas ela é fato inerente - por isso ...cada segundo pode ser mesmo o último e por isso deveríamos viver com isso mente - de praticarmos sempre o melhor ao nosso alcance - ninguém sabe qual será a sua ultima chance.
Eu mudei muito nos últimos tempos, não totalmente - mas em parte - talvez as experiências e situaçãos que escolhi pra minha vida - me alteraram profundamente.
Posso não ser mais tão euforica e histericamente feliz como antes, de longas gargalhadas - não sou triste, mas carrego a dor da consciência de não fugir mais das lutas deste mundo - de não as ignorar. Muita coisa que já foi importante, não é mais ...como ganhar uma discussão ou fazer aquilo que eu quero, eu acho certo , não revidar uma ofensa, uma ausência. Não é fácil lidar com o ego, porque ele está sempre ali querendo nos pregar uma peça na próxima esquina da vida - mas se você não se deixar enganar por ele, as coisas se tornam bem mais fáceis.
Paciência é a chave e como é difícel ser paciente neste mundo, das menores as maiores coisas.
O Amor e a Paciência foram liçôes que a vida tem me ensinado e nestes 18 anos,  o Sherlock também ensinou!
Fique em Paz ...no nosso coração você pra sempre estará!
04-04-1995     +26-11-2012