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sábado, 22 de dezembro de 2012

As Egípcias -

       

          Quem me conhece sabe que meu fascínio pelo Egito vem da época da Escola.
Nunca fui boa em Matemática ou Física, eram matérias que detestava, mas História, Literatura, Geografia eu estudava com entusiasmo e a História Antiga então era meu assunto predileto.
          As histórias dos Faraós e Dinastias me intrigavam, a arte deixada impressa por todo Egito nas mais diversas formas, foi esse Egito que eu primeiro descobri, pra muitos anos mais tarde - me apaixonar pela música e pela dança de lá - que literalmente me fizeram pisar no tão sonhado lugar e por fim foi a religião - Islam, diga-se de passagem moderna se pensando na Historia Egípcia que me fez permanecer para sempre ligada a este lugar e sua história e não deve ser atoa que até o marido egípcio eu escolhi.
           Porém o motivo do post é outro .... Achei perdido em casa o Livro do Título deste post - As Egípcias - do mesmo autor de Ramsés - Christian Jacq.
            Apesar da formação em Egiptolodia, tendo inclusive doutorado em Sorbonne, Christian Jacq - é visto como um banalizador da cultura egípcia em seus livros, mesmo que estes tenham descrições de aspectos sociais, pois o autor que é romancista gosta de apelar para um Egito místico e fantasioso que acaba sendo mascarado pela descrição de fatos reais. É um autor para massas, para pessoas comuns, que se interessam pela arqueologia ou pela história, mas não tem o conhecimento técnico-científico de um egiptólogo em uma universidade.
            No caso deste livro - As Egípcias ele mostra mulheres no Antigo Egito que poussuíram papel histórico determinante, de sucesso e empreendedorismo. É um livro que pode ser lido em capítulos sem uma cronologia. Confesso que esperava outra coisa quando comecei a ler e por isso mesmo desanimei no meio do caminho, mas resolvi retomar e de repente - tive uma nova percepção.
            A História deve mesmo avançar em um sentido esprial com pontos de avanço e retrocesso, e isto é parte de muitas sociedades - como é parte da Egípcia. 
            O autor faz descrições de mulheres reais e comuns, inclusive de mulheres do campo - que são fortes e envolventes e é exatamente neste ponto que eu quero chegar. A ponte entre estas mulheres numa Sociedade que foi completamente diferente do que é hoje - no que diz respeito ao papel da mulher dentro dela. 
           As mulehres no Antigo Egito tiveram voz, ocuparam posição de destaque - foram Rainhas - conduziram suas vidas e do seu país - e mesmo as mais simples tiveram sua influência, como esta sociedade que inclusive construiu os templos que conhecemos e as pirâmides, se tornou a sociedade de hoje.
           Não vou dissertar aqui sobre os fatos históricos que levaram a isso, porque não sou historiadora e nem tenho tal pretensão - só tive vontade de levantar o ponto para a reflexão.
           Sei que a resposta mais imediata será que a mudança se deu por conta da religião predominante - o Islamismo, mas pra quem teve a oportunidade de estudar o Corão ou ler um pouco mais a fundo e buscar sobre o Islam, sabe que o Islã não prega a submissão da mulher ao homem - prega a submissão a Deus de homens e mulheres - e próprio Corão e as palavras do Profeta Muhammad ( SAW) nos mostram que Homens e Mulheres tem seus direitos e deveres na religião e na sociedade e nem um é superior ao outro, são apenas diferentes e com papéis diferentes. 
            Porém palavras podem ser lidas, interpretadas e direcionadas pra este ou para aquele interesse - e  tem se então um abismo tremendo entre a religião e a prática - ou entre o Islã religioso e o Islã político.
            Vivemos tempos de que mesmo os países antes tidos como ricos e infalíveis atravessam suas crises econômicas e sociais, o que dirá de lugares como o Brasil ou o Egito. Hoje a mulher precisa sim sair de casa, estudar, se formar e ajudar financeiramente no sustento do lar - porque depender apenas do marido não cabe mais na situação mundial, é claro que sempre há excessões.
            O Egito é Islâmico, mas até então com certa liberdade e o moderação, não sei o que vai ser daqui pra frente com o novo governo, mas as mulheres lá principalmente as mais novas que estão agora na faixa dos 20 a 30 anos, de áreas mais urbanas tem um novo perfil. São graduadas e emboram sigam a tradição cultural do país e as regras religiosas - passaram também a acumular funções como mulheres ocidentais: trabalham o dia todo fora, não são tão bem remuneradas muitas vezes e ainda cuidam da casa, do marido e dos filhos. Isto aos poucos começa a mudar muitas coisas dentro da sociedade, porque necessidade econômica ou por vontade própria elas tem se tornado mais independentes e senhoras de suas escolhas e passam a lutar para cada vez mais serem respeitadas e terem voz dentro do país.
             Comentei sobre o documentário que assisti em Novembro no Canal Futura - Entre Fronteiras - feito com a ainda jovem egípcia Ghada Abdel Aal - chamado de a Revolução de Ghada em um paralelo a Revolução e toda efervência causada pela Primavera Árabe - que ainda está longe de terminar.
             Ghada escreveu um blog chamado - Eu Quero Casar. Fez tanto sucesso que o blog, gerou um livro, que por sua vez gerou uma série de TV - estrelada por uma atriz Turca. Ghada balançou a conservadora sociedade egícpia compartilhando desejos e angústias e questionando o papel da mulher no mundo Islâmico.
              Não sei que rumos o Egito vai tomar, eu só desejo que eles consigam achar o da real democracia, construindo um Parlamento que represente todas as vozes da sociedade Egípcia: Cristãos, Liberais, Mulheres, Islâmicos moderados ou radicais e que estes atores dialoguem entre si e cheguem ao concenso de uma Constituição que seja boa pra todas e não apenas pra alguns, que possibilitem o país se reencontrar, se reconstruir e voltar a crescer e que neles as mulheres tenham voz e tenham oportunidade de bons salários e boas carreiras, sem deixarem de ser boas mães ou esposas - que razão e sensibilidade convivam juntas - para um futuro melhor.



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Pra quem se interessar:


Fixa técnica:
Titulo originalLes Egyptiennes
Autor: Christian Jacq
Tradução: Maria D. Alexandre
Ano de publicação (Brasil): 2002
Editora: Bertrand Brasil
Cidade: Rio de Janeiro
ISBN: 85-286-0777-1
Palavras-chave: Mulheres, Egito, condições sociais.

Entre Fronteiras - 

Ghada Abdel Aal