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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O Caçador de Pipas



Ando sumida, mas as últimas semanas foram uma montanha russa pra mim com relação aos documentos e outras coisas do dia a dia com o trabalho - então nesses períodos eu me recolho e tento me reequilibrar.
Estou esperando estar com tudo em mãos pra voltar a falar dessa história dos documentos, preços e processos e se Deus quiser em breve já estarei com tudo em mãos, quanto a viagem já tenho tudo programado - apesar de ainda faltar mais de 1 mês - falta pouca coisa agora ....mas isso é assunto pra outro post.

Aproveitei o feriado em casa pra assistir um filme que foi indicação de um colega de trabalho, o tio Chico que é segurança da agência em que eu trabalho. A mulher dele assistiu e segundo "eles" - esse filme tinha a minha cara, porque era desses filmes que falam do "Oriente" e são diferentes do jeito que eu gosto. Perdi o filme que ele gravou pra mim e reencontrei, assisti e aqui estou.

O próprio nome me faz pensar na minha infância, porque mesmo sendo menina e única filha - acho que satisfiz o desejo do meu pai de ter tido um menino, porque eu brincava de boneca sim, mas eu tinha um outro lado terrível, que me arrebentava de bicicleta, brincava de carrinho, jogava bola e adorava soltar Pipa. Juro que procurei nas fotos antigas da família se tinha alguma foto desse momento registrado, mas não ...eles estão apenas gravados na minha memória e o que eu lembro é de eu e meu pai juntos ...soltando pipa nos meses de julho ...não lembro ao certo ...lembro só que eram meses mais gelados e de muitooooo vento.

Foi este o filme que assisti: "O caçador de Pipas" (The Kite Runner - 2007) baseado no livro de mesmo nome do autor Khaled Hosseini. Na época do boom do livro, não li e nem quando o filme entrou em cartaz assisti, mas agora estou realmente interessada em ler o outro livro dele "A cidade do Sol" (A Thousand Splendid Suns)- que ganhei de aniversário da Drika ano passado e ainda está me esperando. Eu leio uns 2 ou 3 livros ao mesmo tempo, pode parecer bizarro - mas funciono assim .... Se uma coisa me cativa eu devoro, e vou sem parar até o fim ... mas tem livros, que eu começo, paro, penso e depois retomo ...não sei se pra digerir, ou se porque na retomada posso estar num outro momento ...enfim ....vou começar esse hoje mesmo.

O filme me causou tantas emoções ...digo humanas - mas também me levou a reflexões culturais.
Acho que todo mundo sabe que a história se passa no Afeganistão, um pedacinho no Paquistão e a história mostra a vida dos 2 meninos no Afeganistão de muitos anos atrás antes da invasão Russa com o comunismo dos anos 80 e depois o regime dos Talibãs que retomou o lugar e talvez seja o mais familiar da ideia que podemos ter atualmente de lá.

Já li e assisti reportagens sobre o Afeganistão e o Paquistão, mas fiquei me perguntando o quão limitada pode ser a minha ou a sua visão desses lugares, pois queira ou não a primeira coisa que vem a mente é pensar exatamente nos Talibãs, em extremismo religioso, na ocupação norte-americana e suas aberrações que pra mim não diferem em nada das que foram praticadas pelos talibãs e de um lugar que sobrevive das ruínas de um passado - é isso que a nossa mídia nos mostra aqui deste lado do Atlântico, porém o que me move é tentar ver além, o que havia antes e porque as coisas caminharam nessa ou naquela direção, o que existe hoje para além disso que sabemos ... e ficção ou não esse filme me fez pensa nisso e em dilemas humanos, que ocorrem em todo tipo de guerra, em que a bondade sobrevive nos escombros, ainda que as agressões de toda a ordem se façam presente.

Não quero contar o livro ou o filme aqui, porque quem não assistiu ....deve assistir, quem não leu - deve ler.
Quero falar do que saltou aos meus olhos nisso tudo... uma história de uma fidelidade e de um amor incondicional entre amigos, mesmo diante de uma ou eu diria mais de uma traição ... de uma mentira sustentada por anos - de perdão, de que a vida cedo ou tarde nos fará olhar pra trás e recuperar o que se tentou esquecer - e que embora as vezes pareça tarde demais, pra todo mundo há a chance do perdão, chance de recomeçar e mudar sua conduta e ser diferente. Fala de muitos abusos sexuais e emocionais - mas para além deles fala de Coragem, e não é fácil ter coragem - a omissão é sempre mais fácil. E acima de tudo, que mesmo na adversidade você pode escolher: SER BOM, ter BONDADE.

Achei simplista mas cheio de sentido a frase do pai do protagonista que diz que no mundo só existe um pecado e este pecado é ROUBAR - que todo o resto deriva dele. Quando você mata, você rouba a oportunidade de uma esposa ter um marido, um filho ter seu pai, ou vice e versa ...quando você mente - você rouba a oportunidade de alguém conhecer a verdade ...e por aí vai.

Me surpreendi na cena em que Amir está no Paquistão desesperado atrás do sobrinho que some por uma razão e acaba indo parar numa mesquita, e retomando as próprias raízes e revivendo a religião - nas cenas que seguem entra uma música cantada pelo Sami Yusuf - chamada Suplication - estava envolta na cena, quando me deu aquele estalo, opaaaaaaaa!!!! .... Eu conheço essa voz :)) Aí que eu chorei mesmo!

Agradeço ao tio Chico pela indicação .... foi realmente tocante ...chorei muito pra variar, mas com certeza recomendo! Encerro o post com uma poesia falada no filme e o trailler e a música do Sami! Salam :)

"Se chegarmos a dormir somos os sonolentos de Deus,
Se chegarmos a acordar estamos nas mãos d´Ele,
Se chegarmos a chorar somos a nuvem cheia de pingos de chuva,
Se chegarmos a sorrir somos d´Ele o relâmpago ,
Se chegarmos a raiva e a batalha é o reflexo da ira de Deus,
e se chegarmos a Paz e ao Perdão é o reflexo do Amor de Deus.
Quem somos Nós neste mundo complicado? "
                                                                             (Djelal und- Din Rumi (1207-1273) - poeta Afegão)









Um comentário:

  1. Salam, Clair!
    Quanta emoção genuína! Sua história com seu pai é linda. Também gosto muito do Caçador de Pipas, do filme e do livro.
    A cena de que mais gostei foi quando o Amir ouviu a seguinte frase: "Você vai ter a chance de ser bom de novo". E aí, ele retorna ao Afeganistão para resgatar seu sobrinho...

    Ah, você conseguiu ver os vestidos de noiva no meu blog? Lá há também mais poemas de Rumi, um Sufi fantástico.

    Um abraço fraterno e um ótimo final de semana,
    beijinhos.

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