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terça-feira, 15 de novembro de 2011

Bab Al Shams - A Porta do Sol

Curiosamente nessa tarde - vi uma conversa sobre Israel e Palestina e terminei a minha noite assistindo este filme. Não quero expressar opiniões políticas, e muito menos pessoais sobre esta que é uma questão bem delicada. Sou simpatizante da causa palestina, por não concordar com a política adotada pelo Governo de Israel - mas não sou contra o povo Israelita. Continuo pensando que nas guerras, em especial as que envolvem civis - quem paga são aqueles que estão vivendo as suas vidas normais - um banho de sangue - enquanto as autoridades que mandam e desmandam estão seguras são e salvo. Pra mim este é um filme ... poético e belo - falando de uma questão real e por isso imensamente triste! Não sei se as pessoas aqui já pararam pra pensar no sofrimento do povo palestino e não apenas no sofrimento enfrentado pelos judeus durante a segunda guerra. Só de pensar em guerra lembro da minha história familiar....

Da parte de minha mãe sou uma mistura de portugueses, holandeses e Libaneses - mas a história da família da minha mãe é quase obscura pra mim. Sei pouco, muito pouco ...no máximo até o tempo dos meus avós. Da parte do meu pai que tenho a história mais viva ...pois sou neta de Italianos. Meu avô lutou na 1º Guerra Mundial - com apenas 17 anos. Deixou pra nós um diário escrito muitossssss anos depois - numa mistura de português e italiano - a história da Itália ...de como o país se tornou país e não mais um conglomerado de reinos e a nossa história familiar. Quem casou quem, porque ele decidiu vir pro Brasil depois da guerra e a maior parte em si - o que ele viveu durante a guerra. Ele foi da infantaria - lutou no chão - dentro das trincheiras - foi prisioneiro alemão e ficou um bom tempo em um campo de concentração - doente - a família sem notícias dele e ele sem notícias da família. O diário dava pra escrever um filme como tantas outras histórias. Não conheci meu avô, porque ele faleceu com 50 e poucos anos de um infarto fulminante! Sei que ele era muito rígido, recebia uma pensão de guerra porque perdeu os movimentos de uma das mãos por causa de um tiro , que tomou e a bala ficou alojada - braço esse que quiseram quase amputar nesse campo de concentração. E uma das frases que nunca saiu da minha cabeça, quando li este diário foi ele dizer: que quando ele melhorou desse braço que recebeu o tiro, foi transferido p um campo de concentração ao norte e depois disso a uma siderurgica na Alsacia - e lá a mão voltou a piorar. Um dia que estava passando mal, um soldado alemão que ele não sabe quem era chamou um médico p ele ...ele só sabe q era mutilado de um olho e por isso talvez entendesse a dor que ele sofria - diferente de outros oficiais que o empurravam, riam e o mandavam voltar a trabalhar. Ele foi operado diversas vezes, e usavam clorofórmio como analgésico pra ele suportar a dor. O que ele nos disse é que não importa a nacionalidade em todos os lugares você vai sempre encontrar pessoas Boas e Ruins - ele encontrou os dois tipos - mas as boas o ajudaram muito, mesmo sendo do lado inimigo!! Um dia eu penso em fazer um blog ou algo do tipo - pra contar a história desse diário !!! Parece estranho eu comentar tudo isso - mas é que cresci dentro dessa família italiana - com toda interferência que eles podiam fazer em nossas vidas pessoais e como eu rejeitei isso, como eu não aceitei e quis me firmar diferente e me distanciar e ironicamente a vida me conduziu de volta ao princípio de tudo: a religiosidade, a minha língua materna, as relações orgânicas familiares - tudo isso através do Egito, de um egípcio - que fala italiano e sabe mais da Itália do que eu (meu noivo), das relações familiares dele lá e da relação deles e dele comigo - porque cada vez mais eles tem se tornado também minha família e como através disso eu reencontrei o meu passado e a cada dia olho de frente pra ele e recupero histórias e sentimentos, que não foram me permitidos viver pelo tempo ou pela minha incompreensão juvenil !!! Sentimentalismos a parte e contextualizações vou falar do filme em si ....

 A PORTA DO SOL - BAB AL SHAMS - LA PORTE DU SOLEIL



 Gênero: Drama
 Direção: Yousry Nasrallah
Sinopse: Filme retratado em dois episódios, conta a história de Yunis, um velho palestino da resistência que está em coma em hospital nos arredores de Beirute. Sua trajetória é narrada por Khalil, enfermeiro que fica a seu lado dia e noite, recusando-se a admitir que seu herói jamais ganhe consciência novamente. Vemos sua infância, seu casamento com Nahila, sua ausência no momento em que sua vila é destruída em 1948. Na segunda parte, Khalil fala de sua própria vida, sobre a guerra civil libanesa. Trata-se de um filme de ficção, mas que tem como pano de fundo a história palestina e mostra, com clareza e beleza, imagens difusas ao longo dos anos de ocupação. Mostra a humanidade e, com delicadeza, o enorme sofrimento de um povo que perde o seu lar e a sua pátria. (Egito/Palestina/França, 2006, Cor, 260min)

O filme é uma adaptação da novela de mesmo nome publicada por Elian Khouri em 1998, mas o filme é de 2004 e o diretor é egípcio. Esta versão tem legendas que não são as melhores, mas permitem o entendimento - se bem que as imagens já falam por si só e diria que o relacionamento entre Yunis e Nahila é uma metáfora para a própria história da Palestina (Falastin) - que você precisa perder o seu amor, ou a sua terra - estar afastado dela - para dar valor e sentir o quão precioso era viver lá, vivenciar este amor.

Cabe dizer que o filme tem uma continuação chamado Bab Al Shams Al Awda - que eu estou procurando pra assistir com legendas, mas ainda não encontrei. Este segundo filme é mais contemporâneo, em que Khalil, um orfão, é atraído pela figura paterna de Yunis - e com ele e torna um lutador. Mas graças a guerra civil libanesa Khalil passa mais tempo lutando contra os libaneses do que contra os israelenses. É um filme mais corajoso e mais crítico do que o primeiro e a crítica diz ser também mais agradável - se achar as legendas - postarei!



2 comentários:

  1. Salam, Clair!

    Gostei muito da sua história e tenho a certeza de que seria um lindo livro, escreva-o!

    Sobre o filme, já tem em DVD? Há um documentário chamado "BUDRUS" sobre palestinos e israelenses juntos em prol da paz, esse vc também vai gostar de assistir. Veja o link Palestinos e Israelenses no meu blog.

    Estou te segundo tb,
    um beijo com carinho para toda a família,

    Allah maakum!!!

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  2. Aleikum Salam Denise :))

    É a história do meu avô é bem curiosa e esse reencontro com a cultura Italiana também - eu nunca poderia imaginar! rs

    O Porta do Sol não cheguei a procurar em locadora, mas acredito que sim - e acho que vai depender mais da cidade que você morar!

    Adorei a dica de filme - to indo lá no seu blog ler e te seguir também!

    Obrigada pela visita - seja super bem vinda!

    Salam

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