Powered By Blogger

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

EGYPTIAN REVOLUTION 2.0





Impossível pra mim não pensar ou não falar sobre o que está acontecendo no Egito!
Durante o dia no meu trabalho, tento me focar no que tenho e preciso fazer - e mesmo isolada da internet e afundada em pensar em contas e em como fazer o Banco do Brasil lucrar mais e ainda sim resolver satisfatoriamente o problemas dos clientes ...eu estou ali com o coração, a alma e o pensamento voltados pro Egito!
Não são poucas as vezes que paro pra pensar em tudo o que este povo está vivendo e como a vida de cada um deles mudou em 2011 e como nós aqui no Brasil muitas vezes é que parecemos alienados e apáticos ao que acontece em nossa volta e não estou falando do Egito - estou falando do que acontece no Brasil mesmo.
Gosto muito do meu país, do jeito alegre, leve e solto das pessoas - mas também me surpreendo com a capacidade dos brasileiros em se preocupar com coisas tão fúteis como: qual a balada que vou pegar no próximo final de semana, quem é que vai cantar lá, - com que roupa eu vou, com quem eu vou - vou aparecer pra quem - vou comer churrasco até me entalar e beber cerveja, batidinha, vodka - até ficar doidão! E eu ainda depois de tudo isso - tenho que ouvir que os egípcios é que são loucos: - "esse povo é louco, é tudo radical"!

-  Radical ???

É radicalismo dar a cara a tapa e ir pra rua pra lutar por uma mudança que quer se ver nas vidas e no país, porque não se suporta mais o esmagamento da economia, a falta de esperança de uma ausência de possibilidades de crescimento e de futuro ? Concordo inteiramente com o post da Marina Faleiros (http://egitoebrasil.com/2011/11/20/revolucoes-sao-sempre-perenes/ )
De que todo o processo revolucionário é dolorido ...a própria palavra revolução - lembra ruptura / quebra/ e isso por si só não é algo que acontece de forma harmônica - é pegar o que está se vivendo, jogar pra cima - pra ver cair no chão e se partir- pra que dos cacos se construa uma nova ordem, uma nova vida.

Como eu mesma falei em um post no Facebook - aqui tenho o conforto de poder fazer uma greve de quase 30 dias e praticamente não enfrentar confrontos - só ter um stress que me afetou e pode ter afetado outros sobre saber ou não se eu teria dinheiro no final do mês pra pagar as minhas contas - já que o Banco ameaçou descontar os dias parados - ter uma pressão de chefe aqui, colegas ali, família acolá ...mas com a plena certeza de que tudo isso ia acontecer e eu com ou sem salário eu teria meu emprego ali de volta me esperando mais dia ou menos dia. O Brasil já teve seu tempo de Egito e só quem viveu isso - talvez saiba valorizar de fato, a estabilidade que vivemos hoje e celebrar as conquistas, ainda que sejamos um país cheio de defeitos políticos, de interesses pessoais que falam mais alto, roubalheiras e afins ... mas ainda sim temos um governo que nos auxilia.
 Tenho uma vida muito, mas muito diferente do que tiveram meus pais. Não sou rica, sou assalariada - fiz meu curso superior, se me organizar posso fazer outra pós, posso estudar, tenho um salário que me sustenta e sustenta a minha família e que me permite direcioná-lo como eu quiser - me permite até sonhar. Já meus pais tem história de trabalho desde muito cedo, de sacrifício e por vezes de fome - se chegaram onde chegaram - sempre foi na base de muito trabalho e pé no chão.
Enfim tudo isso pra dizer e reafirmar, como disse a Marina, que não é fácil jogar sua estabilidade e a sua vida quase tranquila por causa de um ideal, acreditar que as coisas podem ser diferentes e se privar durante essa luta daquilo que bem ou mal antes se tinha - os egípcios são um povo corajoso - podem demorar - mas quando a situação atinge o limite viram a mesa.

Praça Tahrir agora a noite 21/11/11


É por isso que assistimos a essa Segunda Revolução em Novembro - próxima a uma eleição parlamentar - que até agora continua tanto pra nós, ainda mais pra eles - egípcios - incerta! Eleições pra presidente ????
Isso ...só em 2013 e olhe lá - será que vai ter mesmo?! O que aconteceu e está acontecendo agora é que os egípcios perceberam que tirar o Mubarak do poder era só o início e não o fim do processo revolucionário. Ele se foi, mas o exército permaneceu  - com sua mão de ferro ainda mais implacável - trazendo de volta a repressão e a violência de antigamente - mas sem nenhuma inovação pra economia, política ou sociedade - aliás acho que vimos um retrocesso!

Até meu pai me surpreendeu com tudo que me disse hoje a noite depois do noticiário - do auge do seu pouco estudo, mas de sabedoria de vida imensa - me falou: "- Minha filha, o que acontece no Egito é isso, os militares não querem e não vão querer entregar o poder para Civis - durante anos tiveram governo militar e não vai ser agora é que eles vão querer largar esse osso."

Talvez o erro tenha sido mesmo as massas terem deixado as ruas tão cedo - e acreditarem que o povo e o exército eram um só ... agora eles começam a abrir os olhos e perceber que as coisas não são bem assim - que pra construir uma democracia, não se pode substituir apenas uma pessoa, mas deixar todo o sistema que já havia por trás no mesmo lugar: o governo militar!

Eu não sei o que vai acontecer e nem quero arriscar - só sei que amo o Egito - tanto quanto posso amar o Brasil - amo aquele povo - e tudo que vejo me alegra e entristece ao mesmo tempo! Rezo pra que eles encontrem o melhor caminho, que sejam guiados pelo caminho do bem - para construção de uma sociedade melhor pra todos, com oportunidades e que a economia seja reconstruída - não sei quantos anos vai demorar pra isso acontecer, ou quanto tempo - mas se temos o exemplo da Tunísia de que isso é possível - só me resta pensar e rezar pelo melhor e acreditar !!!

Salam !!!





                                     
Tahrir Square 2011-11-21
http://vimeo.com/32478270


Pra saber mais:


http://blogs.aljazeera.net/liveblog/Egypt

- Entregamos o Poder de Bandeja para os Militares - 
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1009996-entregamos-o-poder-de-bandeja-aos-militares-diz-ativista-do-egito.shtml


Um comentário:

  1. muito lindo seu post... é isso mesmo, temos que torcer para um final feliz, ao menos...

    ResponderExcluir